quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O MOSQUITO

mosquito aedes aegyptiA dengue pode ser transmitida por duas espécies de mosquitos (Aedes aegypti e Aedes albopictus), que picam tanto durante o dia como à noite. Os transmissores, principalmente o Aedes aegypti, se reproduzem dentro ou nas proximidades de habitações, em recipientes onde se acumula água limpa (vasos de plantas, pneus velhos, cisternas, etc.). A transmissão pelo Aedes albopictus não é comum porque o mosquito não costuma freqüentar o domicílio como o Aedes aegypti.
COMO ELE SE COMPORTA? COMO ATACA?
O Aedes aegypti mede menos de um centímetro, tem cor café ou preta e listras brancas no corpo e nas pernas. O mosquito costuma picar nas primeiras horas da manhã e nas últimas da tarde, evitando o sol forte, mas, mesmo nas horas quentes, pode atacar à sombra, dentro ou fora de casa.
O Aedes aegypti se caracteriza por ser um inseto de comportamento estritamente urbano, sendo raro encontrar amostras de seus ovos ou larvas em reservatórios de água nas matas. Em média, cada Aedes aegypti vive em torno de 30 dias e a fêmea chega a colocar entre 150 e 200 ovos de cada vez. Ela é capaz de realizar inúmeras posturas no decorrer de sua vida, já que copula com o macho uma única vez, armazenando os espermatozóides em suas espermatecas (reservatórios presentes dentro do aparelho reprodutor). Uma vez com o vírus da dengue, a fêmea torna-se vetor permanente da doença e calcula-se que haja uma probabilidade entre 30 e 40% de chances de suas crias já nascerem também infectadas.
Os ovos não são postos na água, e sim milímetros acima de sua superfície, em recipientes tais como latas e garrafas vazias, pneus, calhas, caixas d'água descobertas, pratos de vasos de plantas ou qualquer outro que possa armazenar água de chuva. Quando chove, o nível da água sobe, entra em contato com os ovos que eclodem em pouco mais de 30 minutos. Em um período que varia entre cinco e sete dias, a larva passa por quatro fases até dar origem a um novo mosquito.
MODO DE TRANSMISSÃO
A fêmea do mosquito pica a pessoa infectada, mantém o vírus em sua saliva e o retransmite em novas picadas. A transmissão ocorre pelo ciclo homem-Aedes aegypti-homem. Após a ingestão de sangue infectado pelo inseto fêmea, transcorre nesta fêmea um período de incubação. Após esse período, o mosquito torna-se apto a transmitir o vírus e assim permanece durante toda a vida. O mosquito transmitirá o vírus em todas as picadas que realizar a partir dali.
QUAL O AMBIENTE IDEAL?
As fêmeas e os machos (que geralmente acompanham as fêmeas) ficam dentro das casas. A temperatura mais favorável para o desenvolvimento da larva é entre 25 a 30ºC. Abaixo e acima destas temperaturas o Aedes diminui sua atividade. Acima de 42ºC e abaixo de 5ºC ele morre.
A cidade do Rio de Janeiro possui as condições propícias para o desenvolvimento do Aedes aegypti. Temperatura e umidade relativa são primordiais para o desenvolvimento do mosquito e, principalmente, para manter os ovos viáveis mesmo fora d'água. Além de ser densamente povoada, é comum a cidade apresentar índices de 70% a 80% de umidade relativa do ar e temperaturas por volta de 25ºC, condições ideais para a multiplicação do vetor. Por isso, o combate de todos aos focos do vetor é muito importante.

MITOS E ERROS SOBRE O MOSQUITO DA DENGUE

1 - AR CONDICIONADO E VENTILADORES MATAM O MOSQUITO - MENTIRA!
Quando se usa o ar condicionado a temperatura e a umidade baixam, isso inibe o mosquito. Ele tem mais dificuldade para detectar onde estará a possível vítima de sua picada. Porém não morrerá. Estes aparelhos apenas espantam o mosquito que poderá voltar em outro momento quando eles estiverem desligados
2 – PARA MATAR OS OVOS DO MOSQUITO BASTA SECAR OS RESERVATÓRIOS DE ÁGUA PARADA - MENTIRA!
Não é apenas o simples ato de secar os reservatórios de água parada que irá impedir o mosquito da dengue de se reproduzir. É preciso limpar o local também, pois o ovo ainda pode ser manter "vivo" por mais de um ano sem água.
3 – REPELENTES SÃO FUNDAMENTAL NO COMBATE À DENGUE - MENTIRA!
Repelentes, velas de citronela ou andiroba, ao contrário do que muita gente pensa, não tem muito efeito no combate à dengue, pois têm efeito indeterminado e temporário.
4 - TOMAR VITAMINA B AFASTA O MOSQUITO - MENTIRA!
Apesar de ser verdade que o mosquito é atraído de acordo com a respiração e o gás carbônico exalado pela pessoa, a ingestão de vitamina B - alho ou cebola também - (que têm cheiro eliminado pela pele) não é uma medida eficaz de combate à dengue.
Tomar vitamina B pode afastar mosquito, mais isso não dura muito e também irá variar de acordo com o metabolismo de cada pessoa, podendo até não ter efeito algum.
5 – QUALQUER PICADA DO MOSQUITO TRANSMITE A DOENÇA - MENTIRA!
Primeiramente é necessário que o mosquito esteja contaminado. Além disso, cerca de metade das pessoas picadas não desenvolvem a doença. Entre 20 e 50% vão desenvolver formas subclínicas da doença. Ou seja, sem apresentar sintomas. Mesmo assim, é importante em caso de dúvida ou qualquer suspeita procurar o posto de saúde mais próximo.
6 – BORRA DE CAFÉ NA ÁGUA DAS PLANTAS MATA OS OVOS DO MOSQUITO - MENTIRA!
Não há comprovação de eficácia da borra de café na água das plantas e sobre a terra no combate ao mosquito. Pelo contrário, já foi verificado na prática que a larva do Aedes aegypti se desenvolve na água suja de borra de café.
Ao invés de usar a borra, tente eliminar os pratos dos vasos, ou coloque areia até as bordas deles de forma a eliminar a água. Lave também os pratos com bucha e sabão semanalmente. Isso é eficaz contra a dengue.
7 – AS LARVAS DO MOSQUITO SÓ SE DESEVOLVEM EM ÁGUA LIMPA - MENTIRA!
Os ovos do mosquito também podem se desenvolver em água suja e parada. Hoje se discute até se as fêmeas do Aedes têm realmente a preferência pela água limpa. Então para combater a dengue, o importante é acabar com qualquer reservatório de água parada, seja limpa ou suja.

COMO SE PROTEGER DO MOSQUITO ADULTO

larvas do aedes aegyptiA melhor forma de se prevenir contra o mosquito adulto é evitar que ele se desenvolva, ou seja, eliminar os focos das larvas. O uso de inseticidas, por exemplo, não é uma boa forma de eliminar o mosquito adulto. Os mosquitos estão se tornando cada vez mais resistentes a essas substâncias e assim gerando filhos também resistentes aos inseticidas, o que está tornando a população de Aedes aegypti predominantemente resistente. Fora isso, o uso de inseticidas causa sérios danos à natureza. O uso de inseticidas em larvas também tem as mesmas contra indicações.
caixa d´águaSendo assim, a melhor maneira de combater o mosquito adulto é eliminar as águas paradas, ou seja, os criadouros do mosquito. Não havendo água parada, as fêmeas não têm um lugar adequado para que seus ovos se desenvolvam e assim, a população de mosquitos adultos vai sendo reduzida até não representar mais perigo.
Porém, existe uma série de medidas que se não impedem a transmissão da doença, pelo menos a dificulta. São estas:
O uso de espirais ou vaporizadores elétricos: Devem ser colocados ao amanhecer e/ou no final da tarde, antes do pôr-do-sol, horários em que os mosquitos da dengue mais picam.
Mosquiteiros: Devem ser usados principalmente nas casas com crianças, cobrindo as camas e outras áreas de repouso, tanto durante o dia quanto à noite.
repelentes no mercadoRepelentes: Podem ser aplicados no corpo, mas devem ser adotadas precauções quando utilizados em crianças pequenas e idosos, em virtude da maior sensibilidade da pele.
Telas: Usadas em portas e janelas, são eficazes contra a entrada de mosquitos nas casas.
Ar condicionado: O uso do ar condicionado inibe o mosquito, pois baixa a temperatura e a umidade do ar, mas não o mata. Ele tem mais dificuldade para detectar onde estará a possível vítima de sua picada. Estes aparelhos apenas espantam o mosquito que poderá voltar em outro momento quando eles estiverem desligados.

COMO IDENTIFICAR E ELIMINAR OS FOCOS

Atitudes simples podem impedir a criação de focos do mosquito Aedes aegypti na sua casa ou no seu trabalho. Confira as principais maneiras de se prevenir:
  • Encha de areia até a borda os pratinhos de vasos de plantas;
  • Lave semanalmente por dentro, com escovas e sabão, os tanques utilizados para armazenar água;
  • Jogue no lixo todo objeto que possa acumular água, como embalagens usadas, potes, latas, copos, garrafas vazias, etc.;
  • Mantenha bem tampados tonéis e barris d'água;
  • Lave, principalmente por dentro, com escova e sabão os utensílios usados para guardar água em casa, como jarras, garrafas, potes, baldes, etc.;
  • Mantenha a caixa d'água sempre fechada com tampa adequada;
  • Evite ter bromélias em casa. Substitua-as por outras plantas que não acumulem água. Se preferir mantê-las, é indispensável tratá-las com água sanitária na proporção de uma colher de sopa para um litro de água, regando, no mínimo, duas vezes por semana. Tire sempre a água acumulada nas folhas;
  • Mantenha o saco de lixo bem fechado e fora do alcance de animais até o recolhimento pelo serviço de limpeza urbana;
  • Não jogue lixo em terrenos baldios;
  • Entregue seus pneus velhos ao serviço de limpeza urbana ou guarde-os sem água em local coberto e abrigados da chuva;
  • Guarde as garrafas vazias sempre de cabeça para baixo e em local coberto;
  • Não deixe a água da chuva acumulada sobre a laje;
  • Remova folhas, galhos e tudo que possa impedir a água de correr pelas calhas;
  • Lave bem os suportes de garrafões de água mineral sempre que trocar os garrafões;
  • Verifique se as bandejas de ar condicionado não estão com acúmulo de água;
  • Deixa a tampa dos vasos sanitários fechadas. Em banheiros pouco usados, dê descarga uma vez por semana. Use água sanitária com freqüência em qualquer grande reserva de água sem consumo humano.
  • Verifique se há entupimento nos ralos e se não for utilizá-los, mantenha-os vedados.
  • Cacos de vidro no muro. Coloque areia ou cimento em todos aqueles que podem acumular água.

A HISTÓRIA DA DENGUE

A HISTÓRIA DA DENGUE

A doença no mundo:
A dengue não é uma doença nova, ela já vem sendo combatida no mundo desde o final do século XVIII, tendo seus primeiros casos conhecidos no Sudoeste Asiático, em Java, e nos Estados Unidos, na Filadélfia. Entretanto, apenas no século XX a Organização Mundial da Saúde (OMS) a reconheceu como doença.
O termo "dengue" vem do espanhol e que dizer "melindre", "manha". A palavra se refere ao estado de moleza e cansaço em que fica a pessoa contaminada pelo mosquito. A transmissão da doença ocorre pela picada do Aedes aegypti infectado, uma espécie de mosquito de origem africana que chegou ao continente americano na época da colonização.
Os casos de febre hemorrágica começaram a aparecer na década de 50, nas Filipinas e na Tailândia. Nos anos 60, as Américas começaram a sofrer mais com a doença.
Os sorotipos:
Com o passar dos anos, pesquisadores identificaram vários sorotipos da doença, numerados de 1 a 4 de acordo com o grau de letalidade do vírus. O sorotipo 1, classificado como o mais leve, apareceu pela primeira vez em 1977, na Jamaica, e a partir de 1980 foi a causa de epidemias em vários países.
O sorotipo 2, descoberto em Cuba, foi o responsável pelo primeiro surto de febre hemorrágica fora do Sudoeste Asiático e Pacifico Ocidental. O segundo surto foi registrado na Venezuela, em 1989.
O Aedes aegypti no Brasil
Muito provavelmente, o Aedes aegypti chegou ao Brasil através dos navios negreiros. Após o trabalho de erradicação da febre amarela realizada no início do século passado, o Aedes aegypti chegou a ser dado como erradicado durante a Era Vargas, inclusive tendo sido concedidos ao Brasil certificados de observadores estrangeiros constatando que o país estava livre desta "praga".
Mas a erradicação não durou muito. Com o processo de industrialização e urbanização acelerada do país durante os anos 40 e 50, surgiram novos criadouros para os mosquitos como, por exemplo, pneus e ferros velhos, disseminados pela indústria automobilística. Então, em 1967, o Aedes aegypti foi detectado em Belém (provavelmente trazido em pneus contrabandeados do Caribe). Em 1974, o mosquito já infestava Salvador, chegando ao Estado do Rio de Janeiro no final da década de 70.
Em 1986, dados assustadores foram registrados: em Nova Iguaçu 28% dos domicílios e 100% das borracharias da via Dutra tinham larvas do mosquito.
Dengue no Brasil:
Acredita-se que a primeira epidemia de dengue tenha ocorrido no Brasil em 1916, em São Paulo. Poucos anos depois a cidade de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, também sofreu com a doença. Porém, nenhuma das duas teve comprovação laboratorial.
Somente no começo da década de 80, entre os anos de 1981 e 1982, em Boa Vista, Roraima, ocorreu no país uma epidemia causada pelos sorotipos 1 e 4 (este considerado o mais perigoso) clinicamente comprovada e documentada laboratorialmente.
A partir de 1986, várias epidemias atingiram o Rio de Janeiro e algumas capitais da região Nordeste. Desde então, a dengue vem ocorrendo de forma continuada.

MITOS E ERROS SOBRE A DOENÇA

1 - A DENGUE NÃO TEM TRATAMENTO - MENTIRA!
Esta é uma afirmativa que é tantas vezes repetida (inclusive em publicações internacionais) que muita gente pensa realmente que é verdade. Embora não exista antiviral capaz de reduzir a presença do vírus no sangue ou bloquear os mecanismos fisiopatológicos que conduzem ao choque e às hemorragias, isso não significa que a doença não possa ser combatida.
A falta do antiviral pode ser compensada pela aplicação de um conjunto de conhecimentos que classificam o paciente de acordo com seus sintomas e a fase da doença, permitindo assim reconhecer precocemente os sinais de alerta, iniciando a tempo o tratamento adequado.
2 - AS FORMAS GRAVES DA DENGUE SÓ OCORREM EM PACIENTES DE CLASSE SOCIAL MENOS FAVORECIDA - MENTIRA!
Este mito pode ser muito perigoso. A dengue não escolhe suas vítimas por classes socais. Todos os países que lutam contra a doença registraram casos graves, até mesmo fatais, em médicos, políticos, empresários, artistas, jornalista e outros. Isso demonstra que a preocupação com o combate ao mosquito deve ser de toda a sociedade.
3 - PACIENTES COM DENGUE TIPO CLÁSSICO NÃO TÊM COMPLICAÇÕES - MENTIRA!
Não é apenas a dengue do tipo hemorrágico que pode causar complicações aos pacientes. À dengue clássica também podem se juntar (até mesmo com certa freqüência) alterações das funções hepáticas, miocardite, e outras cardiopatias, assim como problemas neurológicos, resultados do comprometimento do sistema nervoso central.
Durante uma epidemia qualquer um com suspeita da doença deve buscar orientação médica e ficar em observação durante o período febril até, pelo menos, 48 horas depois.
4 – NÃO HÁ NECESSIDADE DE VIGIAR OS SINAIS DA DENGUE APÓS O PERÍODO FEBRIL - MENTIRA!
É um erro pensar que as complicações da dengue surgem durante o pico da febre. Na verdade o período crítico coincide com a baixa da febre, quando pode ser constatada a hemoconcentração, com o surgimento dos derrames cavitários resultantes do extravasamento plasmático, com graves conseqüências clínicas. Posteriormente podem aparecer hipotensão arterial, baixo débito cardíaco, taquicardia, pulso fino e rápido, cianose periférica e choque. Isso pode ser evitado, caso o doente fique em observação clínica, especialmente no período após a queda da febre.
5 – A PREVENÇÃO À DENGUE DEVE SER FEITA APENAS:
- Na erradicação de focos do mosquito
- No tratamento aos pacientes com a dengue do tipo clássico
MENTIRA!
O trabalho de combate à dengue é muito mais extenso e pede a participação de toda a sociedade. Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) ressalta, que durante as epidemias, o trabalho dos postos de saúde informando os pacientes e seus familiares sobre hidratação oral, medicamentos proibidos e, principalmente, sobre como identificar os sinais de alerta indicativos do agravamento da doença, são de grande importância para conter os surtos.
O trabalho dos médicos em postos de saúde permite também identificar precocemente casos que poderiam evoluir para formas mais graves da doença. O diagnóstico e o tratamento precoces podem salvar vidas.
6 - PARA EVITAR A MORTE POR DENGUE É NECESSÁRIA TRANSFUSÃO DE SANGUE EM ABUNDÂNCIA - MENTIRA!
Se os sintomas da doença forem tratados precocemente e de maneira adequada, serão poucos os casos de hemorragia da dengue que necessitarão de transfusão de concentrado de hemácias ou sangue total. Com relação às plaquetas, o vírus da dengue produz anticorpos contra as mesmas, de modo que a transfusão, em teoria, é inútil, já que as plaquetas transfundidas serão destruídas. Entretanto, quando há menos de 50 000 plaquetas/m3 de sangue e presença de sangramento, a transfusão de concentrado de plaquetas está indicada.
7 - PARA EVITAR A MORTE POR DENGUE SÃO NECESSÁRIOS RECURSOS MÉDICOS AVANÇADOS - MENTIRA!
Na maior parte dos casos, o acesso a recursos médicos avançados é dispensável. O que é preciso mesmo é um serviço de saúde organizado e atuante, pessoas preparadas, condições mínimas de hidratação oral e venosa, comunicação eficiente, etc.
Somente nas formas mais graves, poderão ser necessários exames de tomografia computadorizada, ultra-sonografia, técnicas de isolamento viral e outras tecnologias que, talvez atualmente, devam ser consideradas mais como recursos de rotina do que como recursos avançados.

Exemplo de cidadania.

Publicada em 14/04/2009 às 18h15m
ExtraVia Texto
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O alto grau de criatividade de alunos e professores tem sido o ponto forte das atividades de algumas escolas, nas ações que integram a Gincana Contra a Dengue. No Ciep Eduardo Ribeiro de Carvalho, situado no bairro de Quissamã, em Itaboraí, eles apresentaram réplicas do mosquito, montagem de peças teatrais com fantasias primorosas, histórias em quadrinhos e paródias musicais.
Um dos sucessos da programação foi a adaptação de músicas populares, como o sucesso "Poeira", da cantora baiana Ivete Sangalo, (transformada em "Bobeira"), ou o clássico da Bossa Nova, "Garota de Ipanema", que foi transformado em "Garota dengosa" (veja a letra abaixo).
A apresentação de corais e de peças de teatro foram as atividades mais disputadas pelos alunos. A maior expectativa da plateia, que estava lotada, girou em torno das encenações teatrais, que contou com a participação maciça dos alunos. Com marcações bem ensaiadas e figurinos caprichados, eles apresentaram o primeiro esquete, inspirado em "Peter Pan", que foi adaptado para o título "O Zancudo invade a Terra do Nunca", em que a Fada Sininho é infectada pelo Inseto Sinistro.
No esquete seguinte, com um roteiro bem amarrado e um narrador, foi apresentado "A invasão da dengue em Lavado", que arrancou aplausos calorosos do auditório. Os protagonistas eram os mosquitos Sujo, Imundo, Mosquitônia e suas amigas Mosquitéia e Mosquiteira.
A criatividade dos alunos nas ações de combate ao mosquito transmissor da doença foi ressaltada pela diretora do Ciep, Lúcia Helena Rodrigues. Ela chamou a atenção para a importância de se multiplicar as informações recebidas junto à comunidade e falou sobre a gravidade da doença.
Garota dengosa
Olha que coisa mais feia / Que pica e que mata / Que vem da piscina / E também de uma lata / Trazendo desgraça / Se a dengue pegar / Poço de água parada / Trazendo problema / Teu corpo riscado / É mais que um dilema / A coisa mais feia / Que já vi passar...
Ciep reforça o trabalho de prevenção

Os mais de 400 estudantes do Ciep Eduardo Ribeiro de Carvalho percorreram as ruas vizinhas à escola, acompanhados de agentes de saúde e professores, para identificar criadouros do Aedes aegypti, o mosquito transmissor da doença. A empreitada contou com a participação de agentes comunitários e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e da enfermeira do Programa de Saúde da Família Andréa Damasceno e ainda um carro do fumacê.
Além das residências e terrenos baldios, onde encontrou muito lixo amontoado, o grupo fez inspeção também em um depósito de carros e em um ferro-velho, onde os agentes de saúde atuaram para eliminar os eventuais focos do mosquito. O trabalho preventivo se estendeu à distribuição de cartilhas ilustradas nas residências próximas, até a fixação de telas em cisternas e aplicação de inseticidas pelos técnicos da prefeitura e do governo federal.
Desde o ano passado recebendo orientações sobre como evitar que a fêmea do Aedes aegypti se instale em suas casas e na vizinhança, os alunos formaram filas para observar, no microscópio, o ovo e as larvas do inseto. Do pátio, eles seguiram para a série de apresentações no auditório.
Na avaliação da enfermeira do Programa de Saúde da Família, a população tem se mostrado receptiva às ações de prevenção, mas há hábitos ruins que ainda persistem - como deixar água nos pratinhos que ficam sob os vasos de plantas. "A situação está melhorando, mas é necessário manter a mobilização, porque ainda há muita incidência da dengue na região", comentou Andréa Damasceno.